No entanto, o que encontro são notícias, que mais parece troca de recados entre políticos insatisfeitos e/ou buscando barganhar espaço. A única exceção foi o Diário de Natal. Os jornais locais poderiam logo adequar os seus formatos ao da revista "ti-ti-ti", que comenta as falas, idas e vindas dos artistas. Ora, não é só isso que os jornalistas políticos locais sabem fazer?
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
A dificuldade de ler os jornais locais ultimamente
No entanto, o que encontro são notícias, que mais parece troca de recados entre políticos insatisfeitos e/ou buscando barganhar espaço. A única exceção foi o Diário de Natal. Os jornais locais poderiam logo adequar os seus formatos ao da revista "ti-ti-ti", que comenta as falas, idas e vindas dos artistas. Ora, não é só isso que os jornalistas políticos locais sabem fazer?
A republica da Guanabara e a procura por estadistas
É impressionante a falta de visão de totalidade da nação por parte dos nossos governantes. Bastou o governo federal sinalizar com a idéia de repartir de uma maneira mais equitativa entre todas as unidades da federação, o aporte potencial de recursos oriundo do pré-sal para que os governadores do eixo Rio de Janeiro-São Paulo – Espírito Santo entrassem em cena, principalmente, com a liderança atuante do governador Sergio Cabral, contestando a possibilidade de revisão do marco regulatório vigente acerca dos percentuais de royalties e participação da exploração do petróleo. Para aqueles que ainda não estão familiarizados com o quadro de partilha dos recursos que opera até o momento, cabe registrar que a União tem direito a metade dos recursos, enquanto que 40%(vejam só) dos recursos pertencem aos estados produtores e aos municípios, 10%.
Esse modelo de partilha para lá de anacrônico presta uma grande contribuição para a reprodução estrutural das desigualdades regionais do país e representa um forte concentrador de riqueza no sudeste.
E não adianta um sopro de bom senso da parte de um especialista com visão macro da nação, tal como Marcio Pochmann (presidente do IPEA) alertando para importância de se discutir a compatibilidade do avanço econômico com o avanço social. É bem verdade que é compreensivo a gritaria de Sergio Cabral (PMDB- RJ) e Paulo Hartung (PSB-ES), pois os mesmos não querem correr o risco de “descapitalizar” politicamente nos seus respectivos estados em período eleitoral. Mas José Serra(PSDB-SP) que é presidenciável? Pois é, essa postura pró-São Paulo já mostra a visão de estadista do camarada Serra em relação ao país. Com certeza, nosso grão DEMcrata José Agripino deve ter aprovado a atitude do seu candidato ao Planalto.
Visão negativista acerca do cidadão sem fome e outros programas sociais
domingo, 30 de agosto de 2009
A “nova” retórica do patrimonialismo e a preguiça mental dos nossos intelectuais
Como vocês sabem, caros leitores, a teoria "coringa" do momento para explicar nossos vícios e pecados, seja na política, seja na economia, é o patrimonialismo e suas diferentes variações formais de vocabulário: populismo, clientelismo, personalismo. Mas claro, para não ficarem prisioneiros da saturação anacrônica dos termos, nossos intelectuais canarinho “inovam” (???) o mercado de bordões acrescentando adornos semânticos, tais como “neo-getulismo” ( Luis Wenek Vianna quando se refere à política da era Lula), “patrimonialismo pós-moderno” ( Analdo Jabor definindo a ação do Estado brasileiro atual). Pronto! Os termos se espalham feito metástase na boca de todos os nossos comentadores do jornalismo brasileiro e das pessoas do cotidiano.
Francamente, a teoria do patrimonialismo explica tudo e nada ao mesmo tempo. É uma dessas teorias tão bem redondinhas, sem arestas e fáceis de serem ratificadas na visibilidade imediata do mundo ordinário de tal modo que eu fico até desconfiado. É que eu sou de uma geração de sociólogos forjados pela idéia de que a verdade objetiva dos fatos sociais não é algo tão visível e transparente aos nossos olhos. Mas que é permeada por uma massa cinzenta, cristais de areia e outras impurezas que costumam embaçar nossa vista.
A política e os intelectuais
A política brasileira tem seus momentos de sebastianismo como não poderia deixar de ser. Em período em que se credita uma “crise” às instituições políticas do país e aos partidos tradicionais, sempre que possível, estratos “formadores” da chamada opinião pública, procuram alguém que possa personificar a possibilidade real de “oxigenação” ou “higienização” (???) da política tupiniquim. Até mesmo nossos grão intelectuais consagrados se deixam contaminar por esse sentimento ou síndrome do “novo- ísmo”.
Assim, intelectuais de peso, a exemplo de Marcos Nobre, Arthur Gianotti e Francisco de Oliveira são chamados para comentar acerca da política nacional atual e do que representaria a presença de Marina nesse cenário. E qual o resultado desse encontro tão eclético em pensamentos? Um consenso, meus senhores! Sim, um consenso em torno da “crise” moral na política brasileira e... um consenso do "raio de sol” que se apresenta no meio de tanta escuridão política: a emergência de Marina Silva como um “novo” agente político nacional. Realmente, nossos intelectuais andam preguiçosos em matéria de análise política. Se renderam ao olhar da política sob a ótica da ação voluntária individual e esqueceram que a política é uma arena de ação coletiva, um espaço de lutas objetivas por posição e hegemonia do poder.
Ver grandes nomes da intelectualidade brasileira fazer esse tipo de leitura voluntarista da ação política é tão deprimente quanto assistir os partidos políticos disputarem o bastão da ética na luta política.