Como vocês sabem, caros leitores, a teoria "coringa" do momento para explicar nossos vícios e pecados, seja na política, seja na economia, é o patrimonialismo e suas diferentes variações formais de vocabulário: populismo, clientelismo, personalismo. Mas claro, para não ficarem prisioneiros da saturação anacrônica dos termos, nossos intelectuais canarinho “inovam” (???) o mercado de bordões acrescentando adornos semânticos, tais como “neo-getulismo” ( Luis Wenek Vianna quando se refere à política da era Lula), “patrimonialismo pós-moderno” ( Analdo Jabor definindo a ação do Estado brasileiro atual). Pronto! Os termos se espalham feito metástase na boca de todos os nossos comentadores do jornalismo brasileiro e das pessoas do cotidiano.
Francamente, a teoria do patrimonialismo explica tudo e nada ao mesmo tempo. É uma dessas teorias tão bem redondinhas, sem arestas e fáceis de serem ratificadas na visibilidade imediata do mundo ordinário de tal modo que eu fico até desconfiado. É que eu sou de uma geração de sociólogos forjados pela idéia de que a verdade objetiva dos fatos sociais não é algo tão visível e transparente aos nossos olhos. Mas que é permeada por uma massa cinzenta, cristais de areia e outras impurezas que costumam embaçar nossa vista.
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