sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Cartel dos combustíveis

Só o PROCON municipal acredita que não há cartel em Natal. Mesmo constatando o aumento em bloco dos preços, eles alegam que há variação e de que o mesmo não é combinado. O PROCON deveria aproveitar e montar uma peça de Natal para provar, através também de pesquisa, que o papai noel existe.

http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/procon-natal-registra-aumento-no-preco-em-todos-os-combustiveis/133077

Curso de Jornalismo Prático: O manual do colunista

Curso de Jornalismo Prático: O manual do colunista

Do blog do sakamoto (http://colunistas.ig.com.br/sakamoto/)

Agora que a obrigatoriedade do diploma para exercício da profissão caiu, o Blog do Sakamoto reforça o seu Curso de Jornalismo Prático. Já em sua terceira aula (a primeira e a segunda, sobre o Disk-Fonte: O Jornalismo Papagaio de Repetição, foram um sucesso), o Curso é elaborado em conjunto com amigos que são grandes repórteres e conhecem como ninguém o universo das redações. Para esta aula, um deles foi certeiro na análise do problema, criando um manual que será de grande utilidade aos recém-formados, mas também àqueles com mais quilometragem que querem “chegar lá”.
Quer virar colunista ou editorialista de jornalão impresso, de um telejornal noturno ou de uma revista semanal de grande circulação? Fácil. Basta seguir esse manual. Para cada tema polêmico da atualidade, há um repertório de cinco argumentos que devem ser repetidos ad nauseum, sem margem para hesitação. Pintou o tema, escolha um dos cinco argumentos abaixo e tasque na sua coluna. Se quiser, use mais de um. Você é a estrela.
Uma dica: para sua coluna parecer diversificada, democrática, procure colocar alguns dos argumentos abaixo na boca de “especialistas”. Veja a lista de nossos especialistas no Disk -Fonte e escolha livremente. Se já estiver na hora do fechamento e ninguém atender, ligue para o Demétrio Magnolli, pois esse está sempre à disposição e discorre sobre qualquer assunto. Ele é fera.
E atenção: não se preocupe se o seu concorrente direto anda usando exatamente esses mesmos argumentos há anos. Não importa também se quase todos esses argumentos já foram aniquilados pelos fatos. O importante, em todos os casos, não é citar fatos. O que conta é dar ênfase no argumento. Se você estiver apresentando um telejornal, faça cara de compenetrado. Se for uma coluna, um editorial, carregue no título.
Além da segurança, da facilidade e da comodidade, há várias outras razões para você usar esse manual: 1) você vai parecer erudito; 2) você vai gastar pouco tempo para fechar a coluna; e 3) seu texto irá repercutir muito bem junto ao dono do(a) jornal/revista/TV que você trabalha.
Ao manual:
Se o assunto é: Cotas nas universidades, ação afirmativa, Estatuto da Igualdade Racial
Seus argumentos devem ser:“Para a biologia, a raça humana é uma só. Logo, não faz sentido dividir as pessoas por raças”“A política de cotas é perigosa. Irá criar conflitos que não existem hoje no Brasil”“É uma ameaça à qualidade do ensino, pois os beneficiários não conseguirão acompanhar as aulas”“Essas iniciativas representam uma ameaça ao princípio de que todos são iguais perante a lei”“Cotas são ruins para os próprios negros, pois eles sempre se sentirão discriminados na faculdade”
Se o assunto é: Reforma agrária, MST, agricultura familiar
Seus argumentos devem ser:“Não faz mais sentido fazer reforma agrária no século 21”“O agronegócio é muito mais produtivo, eficiente, rentável, moderno e lucrativo”“O Fernando Henrique já fez a reforma agrária no Brasil”“Se você distribui lotes, o agricultor pega a terra e a vende para terceiros depois”“O MST é bandido”
Se o assunto é: Bolsa Família
Seus argumentos devem ser:“O pobre vai usar o dinheiro para comprar TV, geladeira, sofá e outros artigos de luxo”“O pobre não terá incentivo para trabalhar. Vai se acostumar na pobreza”“Não adianta dar o peixe, tem de ensinar a pescar”“O programa não tem porta de saída” (não tente explicar o que é isso)“O governo só sabe criar gastos”
Se o assunto é: Mortos e desaparecidos políticos, abertura de arquivos da ditadura, revisão da Lei de Anistia
Seus argumentos devem ser:“Não é hora de mexer nesse assunto”“A Anistia foi para todos. Valeu para os militares; valeu para os terroristas”“Não é hora de mexer nesse assunto”“A Anistia foi para todos. Valeu para os militares; valeu para os terroristas”“Não é hora de mexer nesse assunto”
Se o assunto é: Confecom, democratização da comunicação, classificação indicativa
Seus argumentos devem ser:“Qualquer regulamentação é ruim, o mercado regula”“É um atentado à liberdade de imprensa”“Querem acabar com o seu direito de escolha”“Já tentaram expulsar até o repórter do New York Times, sabia?”“A classificação indicativa é censura. Os pais é que têm que regular o que seus filhos assistem”
Se o assunto é:A política econômica
Seus argumentos devem ser:“O governo deveria aproveitar esse período de vacas gordas para fazer as reformas que o Brasil precisa, cortando custos”“Os gastos e a contratação de pessoal estão completamente fora de controle”“O país precisa fazer a lição de casa e cortar postos de trabalho”“Quem produz sofre muito com o Custo Brasil, é necessário cortar custos e investir em infra-estrutura”“Só dá certo porque é continuidade do governo FHC”
Se o assunto é:Trabalho e capital
Seus argumentos devem ser:“O que os sindicatos não entendem é que, nesta hora, todos têm que dar sua cota de sacrifício”“Os grevistas não pensam na população, apenas neles mesmos”“Sem uma reforma trabalhista que desonere o capital, o Brasil está fadado ao fracasso”“A CLT é uma amarra que impede a economia de crescer”“É um absurdo os sindicatos terem tanta liberdade”

Gripe suina X Carnatal: quem vem levando a melhor?

Enquanto a mascara passa a fazer parte dos utensílios de uso dos natalenses, a mídia e o governo pouco comentam a respeito da gripe suina. Já são cem casos registrados e nove óbitos comprovados em decorrência da doença.
Ailton Medeiros, conhecido blogueiro potiguar (www.ailtonmedeiros.com.br), levanta a tese de que o silêncio se deve a relação, no mínimo, suspeita das autoridades natalenses com o carnatal que se aproxima. O evento festivo privado é, além disso, um dos principais anunciantes da cidade, tendo, em certo sentido, a mídia na mão.
Acho que, mesmo com um conteúdo fortemente conspiratório, a análise estabelecida pelo blogueiro tem lá sua dose de verdade.
Há profissionais da saúde defendendo a tese de que o carnatal poderá trazer consequências desastrosas, facilitando bastante o alastramento da doença aqui na cidade. Porém, as autoridades (o vice prefeito, um deputado estadual e outros membros da administração pública são os donos do carnatal) e a mídia vem "fazendo ouvindo de mercador".

terça-feira, 24 de novembro de 2009

A imprensa nacional e a sua apropriação seletiva da cobertura jornalística internacional

A mídia está desenvolvendo um determinado modo de enviesar suas coberturas e não vejo ninguém comentar. A relação entre a mídia nacional e a internacional vem se processando de um modo bastante parcial.
Isto porque a imprensa nacional só repercute aquilo que é publicado fora do Brasil quando os textos tendem a enxergar de maneira negativa a atuação de Lula e/ou do governo dos trabalhadores.
Agora, quando Lula é agraciado com as inúmeras premiações que vem ganhando e recebe, no mundo inteiro, editoriais elogiosos sobre sua atuação enquanto liderança política e sobre o papel positivo desempenhado pelo seu governo, tais matérias são "esquecidas" pelos jornais brasileiros. Será que isto acontece de modo intencional? Eu acredito que sim.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Lula com síndrome de Fatima Bezerra

Do blog do Edmilson Lopes (www.blogdoedmilsonlopes.blogspot.com)
Neste domingo, em meio ao processo eleitoral interno que escolherá as novas direções do partido, Lula reclamou dos correligionários:"Eu não tenho mais ilusão quando se trata de disputas locais, por mais que a gente oriente as pessoas de que deve prevalecer é o projeto nacional, normalmente, o que tem acontecido é que cada um olha para o seu umbigo e prevalece as questões dos Estados. O que é importante é que se houver divergências dentro da base aliada nos Estados, isso não seja impeditivo para a ministra Dilma", disse Lula. Pois é. O problema, para as cabeças pensantes da direção nacional do PT, é que, como diz um velho sábio acaciano, "a vida é local". As disputas nas quais as pessoas estão cotidianamente envolvidas dizem respeito, na maioria das vezes, aos estados e municípios. E a direção nacional do PT, embalada em projetos nacionais (supostos ou reais) desconsidera (ou atropela autoritariamente) as dinâmicas políticas regionais.Ora, é claro que o projeto nacional é mais importante. Mas essa é uma "importância" que não é um dado natural, uma coisa dada. Só será importante na medida em que for hegemônica, isto é, ganhar a adesão e o apoio deliberado de todos. Não é bem isso que vem ocorrendo. Lula, essa é a verdade, impôs a candidatura de Dilma. O PT, que outrora esbravejava e queria escolhas discutidas amplamente, aceitou de pronto. O milagre da unanimidade se fez no partido do conflito! Agora, Lula quer mais. Quer que todos se submetam ao "projeto maior". O problema é que (alguns) petistas podem até aceitar a candidatura de Dilma, mas daí a ir até ao ponto de abandonar os seus projetos e embarcar em uma candidatura com limitações políticas e eleitorais de monta, essa é uma outra história.Peguemos um exemplo: o ministro Tarso Genro, primeiro lugar nas pesquisas para governador do Rio Grande do Sul, vai abandonar uma disputa com chances de vitória para se aliar ao PMDB local, inimigo histórico do PT gaucho, e apoiar o ex-governador Germano Rigotto? Tarso não tem vocação para kamikase... Mas é nele que Lula mira quando faz o comentário.Em 2008, aqui no RN, tivemos uma filme com enredo parecido. Para viabilizar o apoio dos partidos da chamada "base aliada" (do Presidente) à sua candidatura à Prefeitura da cidade do Natal, Fátima Bezerra impôs um estupro ao PT municipal: a aliança nas eleições proporcionais com o PMDB e PSB. O resultado: o eleitor, que não é besta, percebeu que votando em um candidato do PT poderia estar elegendo, sei lá!, Dikson Nasser... O resultado todos sabem: o PT perdeu os mandatos que tinha na Câmara Municipal de Natal. Claro, claro, que tudo pode ser justificado em nome dos "grandes projetos"... A postura de Lula é a tradução da Síndrome de Fátima Bezerra: para ganhar, sacrifiquemo-nos os outros. Para o azar de Lula, nem todos os petistas são tão obedientes quantos os do RN.

sábado, 21 de novembro de 2009

Natal pede mudança

Venho refletindo sobre os fenômenos Paulo Vagner, Micarla de Sousa e Rosalba Ciarlini. São políticos que vem impressionando pela competitividade eleitoral estabelecida nos últimos anos. Apesar de tentar pensar a partir de várias perspectivas, só consigo conceituar a força destes políticos, levando em consideração o explícito cansaço, acredito eu, dos eleitores em relação as elites políticas tradicionais locais.
O que percebo é que a população clama nitidamente por mudança. Paulo Vagner e Micarla, por exemplo, são a maior expressão da vontade das classes menos abastadas da população de votarem em algo "novo".
A força que Rosalba concentra para o pleito de 2010 demonstra a total escassez do mercado político.
Lipset estava redondamente enganado. As classes pobres são as que mais tentam a mudança do status quo, ao contrário das classes domianantes, que ajudam a compor a burocracia estatal vigente e tem suas empresas beneficiadas em inúmeras licitações.
O problema é que, dada as próprias condições de vida das classes menos afortunadas, elas tendem a enxergar mudança aonde há alteração, no máximo, da casca da fruta.

Bernard Lahire em Natal

Bernard Lahire, importante sociólogo francês, afirmou, ao analisar a "sociologia natalense", que nós cultivamos gostos teóricos estranhos. Autores pouco representativos do mundo científico, analisou ele, recebem o maior prestígio por aqui.

Deixa o cara namorar

Poxa, que besteira é esta que os jornalistas tentam "emprestar" a vida do deputado federal Fabio Faria. Não estou querendo defender o rapaz, mas o fato dele namorar mulheres bonitas nao o invalida enquanto profissional, no caso dele, da política.
Acho que, se a crítica quiser verdadeiramente ser fundamentada, deverá refletir sobre a sua atuação enquanto parlamentar e não sobre a sua vida privada. Que coisa mais boba. Parece até que é falta de assunto.

Um elefante branco chamado papodromo

A nova celeuma na capital potiguar diz respeito a demolição ou não do denominado papodromo. Construído para receber o papa na década de 90, ele nunca teve serventia objetiva, a não ser a de enriquecer as empreiteiras que tradicionalmente costumam financiar campanhas, tanto de vencedores, como também, na dúvida, de perdedores.
Agora, de acordo com alguns governantes, o papodromo não será demolido. Qual será a justificativa dada desta vez para existência daquele elefante branco!?

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

MAis um filho do FHC

FHC abriu a porteira. Pouco depois de reconhecer, após 18 anos, um filho com uma ex-jornalista da Globo. Eis que surge agora mais um filho de FHC, sendo que de um relacionamento extra-conjugal com uma ex-empregada doméstica. O homem era um danado. Como a gente diz por aqui - um legítimo raparigueiro.

Bingo eleitoral no RN

Ibere Ferreira, vice governador e secretário de recursos hidricos do RN (SEMARH), está sorteando geladeiras no interior do RN com a alegação que promove educação voltada para o uso da energia. Getulio Rego, liderado de Jose Agripino, denunciou isto chamando de bingo eleitoral. O governo de vilma e do pt aqui no RN estao defendendo a ação, pois, de fato, há um contrato entre o governo do RN e o banco mundial, buscando promover a conscientização do uso adequado da energia.
Porém, não há como negar. Isto é, sim, bingo eleitoral. Não há como enxergar algo de pedagógico nesta ação. Promover acao educativa é uma coisa. Sortear geladeira é outra ação completamente diferente. Já pensou se a moda pega?

Ridículo papel perpetrado pelo STF

O STF desenvolveu um argumento, no mínimo, contraditório. Se posicionou a favor da extradição do italiano Cesare Batisti, mas depois afirmou o óbvio. De acordo com a constituição, quem decide a questão é o presidente da república.
Em resumo, o STF decide, mas a decisão não vale de nada.

O filme sobre lula e o jornalismo tapioca

Do blog luis nassif (www.luisnassif.com.br)


A Folha “descobriu” que empresas patrocinadoras do filme do Lula têm algum tipo de negócio com o governo. São algumas das maiores empresas brasileiras, como Volkswagen, OAS, JBS Friboi, Odebrecht, e assim por diante. E por “negócios” entenda-se desde compras irrelevantes do governo (R$ 31 milhões que a VW vendeu ao Ministério da Defesa) até obras, financiamentos do BNDES, incentivos fiscais, prestação de serviços.
Pergunto: qual empresa brasileira, dentre as 50 maiores, não têm nenhum negócio com o governo? Abaixo vai uma relação das maiores empresas privadas não-financeiras. Aponte uma que não tenha negócios com o governo. Aliás, pode incluir nesse pacote a Abril (que vende assinaturas e livros didáticos para o MEC), a Globo (através da Fundação Roberto Marinho e dos contratos de publicidade), a Folha (que recebe publicidade oficial, como os demais órgãos da imprensa).
Seria um furo se descobrisse algum grande grupo sem negócios com o governo.
Vale (Mineração), Usiminas (Siderúrgica), BrOi (Telecomunicações), Gerdau (Metalúrgica), CSN (Siderúrgica), CPFL (Energia), Braskem (Química), Redecard (Serviços), Embraer (Aviação), Votorantim (Vários).

Um engodo chamado refinaria Clara Camarão

O presidente Lula veio esta semana averiguar o andamento das obras daquilo que o governo vem chamando de refinaria Clara Camarão em Guamaré / RN.
Não podemos cair nesta cascata. Esta refinaria é um comprimido de farinha com o intuito de gerar um efeito placebo no nosso estado. Não é possível chamar aquilo de refinaria. Estes recursos já estavam previstos. A gente deveria ter recebido, de fato, aquela fortuna, por uma questão técnica, que acabou indo para Pernambuco.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Collor 20 anos depois

Ney Lima Figueiredo, marketeiro de muitas eleições, em seu livro, "jogando para ganhar", se pergunta: "como é que um prefeito pífio, um governador que deixou um rombo no estado, famoso por bacanais e por crimes sexuais consegue ser presidente da república"?
Para o marketeiro a resposta é simples. Ancorado no marketing e no uso adequado da Tv, Collor soube aproveitar bem a insatisfação da população gerado pelo falido plano econômico do governo sarney, para criar uma reação, se apresentando como o novo, como contra a corrupção (o caçador de marajás) e que iria livrar o Brasil da política rasteira.
Foi o primeiro, segundo ele, que soube aliar Tv, Marketing e Pesquisas eleitorais com o intuito de racionalizar todo o processo de disputa.
A leitura do livro dele é bem interessante. Demonstra, as vezes, com maior clareza do que muitos cientistas sociais, como o marketing tomou conta do mundo da política.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Paulo Vagner: um intelectual orgânico?!

É impressionante a ginástica intelectual produzida por alguns "marxistas" para enquadrar a multiplicidade do real em modelos teóricos. Modelos que tiveram uma validade no momento sócio-histórico em que foram utilizados e em determinadas pesquisas, mas que não tem condições de apresentar respostas a novos problemas, já que as ferramentas de análise foram construídas para pensar determinados objetos.
Encontrei com um amigo e ele me disse que um aluno havia produzido uma "interessante" análise sobre o vereador do PV - Paulo Vagner. Segundo o estudo, Paulo Vagner se enquadraria no conceito de intelectual orgânico desenvolvido pelo pensador italiano Antônio Gramsci.
Já disse certa vez neste blog que o Paulo Vagner sofre um preconceito de classe. Porém, chamá-lo de intelectual orgânico representa um verdadeiro exagero. Uma tentativa esdrúxula de apresentar uma resposta a um problema novo, a partir de um modelo de análise forjado para pensar outras questões.

domingo, 15 de novembro de 2009

Imprensa esconde filho do FHC

Não gosto muito da denominação que algumas pessoas vem dando a imprensa - Partido da Imprensa Golpista. Apesar da aparência crítica, acho que há muito maniqueísmo neste modo de enxergar o papel desempenhado pela imprensa hoje.
Porém, não há como negar o papel, no mínimo, tendencioso que a imprensa desempenhou no caso da "escapulida" do fhc e que ocasionou nascimento de um filho fora do casamento.
A Folha de São Paulo, falando em um filho que nasceu em um "namoro" com uma jornalista, dando a impressão que ele não era casado, exalta a atitude do ex-presidente em registrar o filho. O detalhe é que foi dezoito anos depois!
Ao contrário do filho de Lula e de Renan Calheiros, que mal haviam nascido e já eram matéria especulativa da imprensa, a imprensa, apesar de saber, sempre escondeu o caso.
PS. Acho pouco significativo o fato de uma pessoa ter um filho fora do casamento. Porém, foi absurda a diferença de tratamento dada pela imprensa, já que, no caso do FHC, o fato sequer foi noticiado.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Um festival de horrores

Continuando o festival de horrores (A palestra do Bernard Lahire foi a única discussão interessante e que realmente tratou das ciências sociais), a pós-graduação de ciências sociais apresenta, em virtude da sua comemoração dos 30 anos de existência, Henri Atlan. Ele defende o uso da biologia para explicar o comportamento humano. Este é o retrato da nossa "Pós" - traz um médico para dizer que as ciências sociais só ganharão musculatura, se se anularem enquanto tal.
Recomendo a resenha abaixo para conhecer mais detalhes da obra de mais um daqueles que afirmam ter conseguido revolucionar a ciência.

http://www.portalseer.ufba.br/index.php/rfaced/article/viewFile/2848/2023

UMA PÓS-GRADUAÇÃO ASSOMBRADA PELOS DEMÔNIOS

O programa de pós-graduação de Ciências Sociais acaba de completar 30 anos. Apesar do longo tempo de atuação, a Pós de Ciências Sociais, dado o estado em que se encontra, tem muito pouco a comemorar.
A “Pós” foi completamente envolvida por forças estranhas, que, nem de longe, apresentam qualquer tipo de verossimilhança com a construção do conhecimento crítico e reflexivo. Sinceramente, não sei se isso sempre foi uma constante. Porém, aquele espaço configurou-se como um dos abrigos privilegiados para defensores da teologia da libertação, das virtudes do senso-comum e de atavismos políticos.
A separação entre fato e valor, conseqüentemente, entre ciência e política não pode ser vista por aquelas bandas. As palestras foram contaminadas por discussões enfadonhas acerca do neoliberalismo contido no governo Lula, pela grandiosidade do conhecimento daqueles que, por suas próprias condições sociais, vivem na maior ignorância e por medidas a serem tomadas com o intuito de salvar o mundo dos mais variados malfeitores. Muito maniqueísmo e pouca discussão séria. Padres, xamanistas e até macaco que, segundo alguns professores, consegue passar e-mail são chamados para apresentarem, digamos, uma visão “diferenciada” das ciências sociais.
Um fato específico ocorrido hoje é a maior expressão da inversão de valores que atravessa a principal agência fomentadora da produção sociológica no Rio Grande do Norte. Enquanto autores pouco representativos do mundo sociológico, e, alguns casos, até mesmo da forma de pensar cientifica, conheceram o estrelato aqui em Natal, criando inúmeras bases de pesquisa e obtendo uma venda significativa de suas idéias, Bernard Lahire, um dos principais renovadores contemporâneos da sociologia no mundo, deu uma interessante palestra para meia dúzia de gatos pingados.
O que era para ser uma exceção fruto da excentricidade de algum professor que não segue os trâmites do campo acadêmico, virou regra. O obscurantismo se fez presente. O ufanismo dos fins das fronteiras entre a ciência e o conhecimento pseudo-reflexivo tornou-se sinônimo de “liberdade de pensamento”. A pós é vigorosamente assombrada pelos demônios. O mais triste de tudo é ver que, aqueles que poderiam acender uma vela na escuridão, preferem, por questões políticas, não se meter no assunto.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Paulo Vagner: uma vítima do preconceito de classe

O vereador natalense Paulo Vagner protagonizou um dos fatos mais inusitados desta semana, mas que expressou o modo como a classe média é preconceituosa com a ralé. Sem saber que a mensagem do twitter enviada a uma namorada seria vista por toda e qualquer pessoa que o acompanhasse neste tipo de canal, ele disse que "iria enterrar um jornalista em Mossoró que havia virado purpurina".
O publicitário Ricardo Rosado, vendo aquilo, logo postou no blog dele. Resultado, o Paulo Vagner, irado, só não o chamou de feio.
Os jornalistas cairam de pau no gordinho da Tv Ponta Negra. Não perderam tempo também em demonstrar, segundo eles, como o vereador é uma "vergonha", com o jeito dele de ser, para a política natalense.
Dizer que ele errou no caso do twiter, tudo bem. Agora, o modo como os jornalistas, pessoas com um pensamento típico de classe média, vem tratando o Paulo Vagner é bastante questionável. O PV não é um santo. Isto é fato. Tudo o que ele faz tem muito de performático.
O problema é que fica cada vez mais evidente para mim que a "crítica" dos jornalistas se centraliza muito mais para a falta de "traquejo" do Paulo Vagner do que qualquer outra coisa. Afinal, um político deve saber "falar e se expressar".
A "crítica" direcionada ao Paulo Vagner é, ao meu ver, muito mais uma "denuncia" a condição de classe do vereador. Eles não aguentam ver alguem da ralé, atuando na política.

O jogo político em torno do apagão

Quem pensa o mundo dividido entre PTistas e tucanos não consegue criar análises mais elaboradas sobre a disputa política. As explicações governistas sobre o "apagão" energético que aconteceu nesta semana deixa isto bastante claro.
De pouco adianta querer minimizar o apagão no governo do PT, comparando-o com o ocorrido durante a gestão de FHC.
O cidadão comum - aquele que passa o dia no trabalho e não acessa vários blogs diariamente - está preocupado é com a carne que estragou no freezer, ou com a aparelho de Tv que queimou. Ele não está preocupado em fazer estas comparações. Ele quer explicações sobre o ocorrido e espera que o governo atue no sentido de não permitir que isto aconteça novamente.
A mídia cometeu excessos? Sem dúvida! Teve gente até dizendo que o apagão foi produzido por uma sabotagem nas linhas de transmissão liderada pelo MST. Um absurdo. Porém, ficar reclamando da "partidarização da mídia" é muito pouco neste momento. A população quer atitudes e explicações objetivas.
Além disso, alegar que a oposição está tentando obter ganho político em cima do caso é também, no mínimo, complicado. Como estratégia argumentativa esta é uma das vertentes a serem atacadas. Porém, é muito pouco ficar, apenas, nisto. Não querer que a oposição lucre politicamente com isto é sonhar com um mundo que não existe.
A política é uma guerra e quem sonha com a salvação da alma deve, já recomendava Max Weber, procurar uma igreja.
Ahhh....
Há duas análises interessantes sobre o assunto no blog do Alon e do Edmilson Lopes.
www.blogdoedmilsonlopes.blogspot.com

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Pesquisa Vox Populi - Queda de Serra

É importante ler uma pesquisa pelo que se publica e pelo que não sai na imprensa. Era notório que as pesquisas veiculadas anteriormente, principalmente aquelas solicitadas por entidades ligadas a oposição, estavam suprimindo a apresentação de parte dos dados, o que já, comentava eu com alguns amigos, demonstrava uma queda de Serra.
As pesquisas anteriores, por exemplo, não mostraram a disputa entre Serra e Dilma de modo isolado. Quanto a esta questão, a sondagem, com certeza, havia sido produzida. O fato de não sair, no entanto, já mostrava a queda do presidenciável tucano.
Este procedimento é normal no mundo da política. Ninguém, em sã consciência, vai encomendar e tornar pública uma pesquisa para criar propaganda negativa para si próprio. Nada mais natural que o encomendador "esconda" os dados que caracterizam sua queda. Pronto, confirmei minha suspeita. Serra, de fato, de acordo com a última pesquisa feita pela Vox Populi, vem descendo ladeira abaixo.
Vox Populi: Serra 36%, Dilma 19%

Pesquisa do Vox Populi que acaba de ser divulgada pelo Jornal da Band mostra que José Serra lidera a corrida presidencial, seguido pela ministra Dilma Rousseff.
Serra passou de 40% para 36%.
Dilma passou de 15% para 19%.
Ciro passou de 12% para 13%.
Marina passou de 5% para 3%.
Heloisa Helena, incluída nessa pesquisa, apareceu com 6%.
A taxa de rejeição de Serra é de 11%, a de Dilma está em 12%.
Dos entrevistados, 55% estão longe de se decidir em quem vão votar.
A taxa de aprovação do presidente Lula passou de 65% para 68%.
A margem de erro é de + ou - 2,4%.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

A crise de legitimidade da economia de livre-mercado e o retorno do capitalismo regulado

Segundo o filosofo social alemão, Jurgen Habermas, o chamado "capitalismo regulado ou organizado" se caracteriza pela intervenção do Estado no mercado em circunstância de um "hiato funcional" causado pelo colapso do capitalismo liberal. Dessa maneira, em decorrência da crise disfuncional social, consequencia da crise econômica, o Estado assume o papel de agente econômico promotor das condições de realização do capital e "aliviador" dos custos sociais e materiais resultantes da produção capitalista (políticas de combate ao desemprego, previdência social, investimento na produção industrial, etc.). Como consequencia dessa "reacoplação" da esfera econômica ao político, destaca ainda Habermas, ocorre também uma "repolitização" das relações de produção e uma necessidade de legitimação social permanente.
No que se refere a essa legitimidade social de engajamento do Estado, parece que - apesar da hegemonia discursiva da Doxa econômica ultra-liberal nos principais meios de imprensa no Brasil - os defensores da economia regulada pelo Estado já encontram a convergência cognitiva necessária na base da sociedade brasileira, conforme estudo divulgado na BBC Brasil e reproduzido logo abaixo. É bom nossos partidos políticos ficarem bastante atentos a esse dado:

No Brasil, 64% querem maior controle do governo na economia*

Brasil discute participação do Estado em áreas como o petróleo pré-sal

A pesquisa feita a pedido da BBC em 27 países e divulgada nesta segunda-feira revelou que 64% dos brasileiros entrevistados defendem mais controle do governo sobre as principais indústrias do país.

Não apenas isso: 87% dos entrevistados defenderam que o governo tenha um maior papel regulando os negócios no país, enquanto 89% defenderam que o Estado seja mais ativo promovendo a distribuição de riquezas.

A insatisfação dos brasileiros com o capitalismo de livre mercado chamou a atenção dos pesquisadores, que qualificaram de “impressionante” os resultados do país.

“Não é que as pessoas digam, sem pensar, ‘sim, queremos que o governo regulamente mais a atividade das empresas’. No Brasil existe um clamor particular em relação a isso”, disse Steven Kull, o diretor do Programa sobre Atitudes em Políticas Internacionais (Pipa, na sigla em inglês), com sede em Washington.

O percentual de brasileiros que disseram que o capitalismo “tem muitos problemas e precisamos de um novo sistema econômico” (35%) foi maior que a média mundial (23%).

Enquanto isso, apenas 8% dos brasileiros opinaram que o sistema “funciona bem e mais regulação o tornaria menos eficiente”, contra 11% na média mundial.

CliqueFórum: O governo deve ter mais influência nas indústrias e negócios no Brasil?

Para outros 43% dos entrevistados brasileiros, o livre mercado “tem alguns problemas, que podem ser resolvidos através de mais regulação ou controle”. A média mundial foi de 51%.

“É uma expressão de grande insatisfação com o sistema e uma falta de confiança de que possa ser corrigido”, disse Kull.

“Ao mesmo tempo, não devemos entender que 35% dos brasileiros querem algum tipo de socialismo, esta pergunta não foi incluída. Mas os brasileiros estão tão insatisfeitos com o capitalismo que estão interessados em procurar alternativas.”

A pesquisa ouviu 835 entrevistados entre os dias 2 e 4 de julho, nas ruas de Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Goiânia, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.

Globalização

O levantamento é divulgado em um momento em que o país discute a questão da presença estatal na economia.

Definir para que caixa vai a receita levantada com a exploração de recursos naturais importantes, como o petróleo da camada pré-sal, divide opiniões entre os que defendem mais e menos presença do governo no setor econômico.

Steven Kull avaliou que esta discussão não é apenas brasileira, mas latino-americana. Para ele, o continente está “mais à esquerda” em relação a outras regiões do mundo.

A pesquisa reflete o “giro para a esquerda” que o continente experimentou no fim da década de 1990, quando o modelo de abertura de mercado que se seguiu à queda do muro de Berlim e à dissolução da antiga União Soviética dava sinais de esgotamento.

Começando com a eleição de líderes como Hugo Chávez, na Venezuela, em 1998, o continente viu outros presidentes de esquerda chegarem ao poder, como o próprio Luiz Inácio Lula da Silva, Evo Morales (Bolívia) e Rafael Correa (Equador).

Mas Kull disse não crer que o ceticismo dos brasileiros na pesquisa “seja necessariamente uma rejeição do processo de abertura dos anos 1990”.

“Vimos em pesquisas anteriores que os brasileiros não são os mais entusiasmados com a globalização”, disse.

“Eles ainda são bastante negativos em relação à globalização, e o que vemos aqui (nesta pesquisa) é mais o desejo de que o governo faça mais para mitigar os efeitos negativos dela, melhorar a distribuição de renda e colocar mais restrições à atividade das empresas.”

Mas ele ressalvou: “Lembre-se de que a resposta dominante aqui é que o capitalismo tem problemas, mas pode ser melhorado com reformas. A rejeição ao atual sistema econômico e à abertura econômica não é dominante, é que há um desejo maior de contrabalancear os efeitos disto”.

*Essa matéria foi extraída da edição online da BBC Brasil nesse endereço:

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/11/091109_pesquisa_bbc_muro_brasil_rw.shtml?s



domingo, 8 de novembro de 2009

O desencantamento do saber escolar

Cadu posta textos aqui neste blog como "o pescador". Ele me apresentou este texto de autoria dele e achei interessante mostrar aqui neste espaço:

Quando olho boa parte de minha geração de amigos que compartilharam comigo a vida acadêmica, fico bastante desanimado com os desdobramentos que se apresentam no meu horizonte de futuro profissional. Muita entrega emocional, sonhos não realizados, muita frustração acumulada e bastante ressentimento, este último, justo em alguns casos exemplares.
É estranho ver colegas com grande competência cientifica não encontrarem hoje as condições favoráveis de realização das mesmas. Isso porque parece cada vez mais evidente a sobreposição da política mobilizada do campo em detrimento da lógica normativa do campo. Dessa maneira, os estudantes que seguem adiante sua trajetória acadêmica são os que melhor se ajustam aos jogos de poder e cinismo acadêmico. Muitas vezes, pouco compromissados com o espírito cientifico, mas completamente entregues às lutas políticas de seus mestres ou “padrinhos” por posições estratégicas na arquitetura de poder dos cursos de ensino superior.
Por sua vez, no que se refere aos estudantes com inclinações verdadeiramente cientificas, resta-lhes a depressão, o sentimento de mal-estar, o surto e a deriva social. Há algo de errado nisso tudo, pois assim como meus colegas, eu acreditava que a paixão incondicional pelo saber era uma virtude que se traduzia em ganhos, senão material, pelo menos, em termos de segurança ontológica. Eis que me sinto atualmente ludibriado com meus sonhos e ilusões acadêmicas. A paixão pelo saber continua forte e pulsante, mas a crença na legitimidade das instituições responsáveis pela formação intelectual, desabou como um castelo de cartas. Cartas marcadas, claro!

UMA QUESTÃO DE TEMPO OU MAIS UM DESASTRE ANUNCIADO?

Não resumo a política às estratégias eleitorais. Deixo isto para alguns jornalistas. A política só não é “mono”lítica, se pautarmos o raciocínio pela boa teoria analítica, porque é síntese de múltiplas determinações. No entanto, se eu quiser ser honesto com os ensinamentos do italiano Nicolau Maquiavel, grande criador da ciência política moderna, seria interessante reconhecer - poucas candidatas apresentaram, antes de uma eleição, uma condição tão favorável para a batalha pela conquista do voto dos cidadãos norte-riograndenses como a senadora Rosalba Ciarlini.
Isto porque não é fácil reunir, de uma só vez, uma avaliação favorável, baixíssima rejeição, e, ainda de quebra, encontrar um cenário propício para a mudança das famílias que comumente figuram entre aquelas que preenchem os principais cargos do estado.
No entanto, a possibilidade de atingir o poder, como diria Platão, pode embriagar o postulante, gerando um certo tipo de “pretensão”, fazendo ruir o castelo de cartas que foi, aparentemente, meticulosamente construído.
Mesmo que o austríaco Joseph Schumpeter acredite que o aumento das elites políticas represente um alargamento democrático no âmbito do estado contemporâneo e que os cidadãos natalenses clamem, claramente, acho que por puro cansaço dos grupos políticos atualmente dominantes, por mudança, não é fácil cantar vitória muito antes do tempo.
Olho para a candidata representante da linda cidade de Mossoró e lembro-me da eleição para governador em 2006, quando, Garibaldi Alves, com uma eleição praticamente ganha, conseguiu, mesmo com toda sua experiência política, perder para Vilma de Faria. Talvez esta relação mental seja estabelecida porque, naquele momento, “o” principal candidato ao mais cobiçado posto público do RN, deitou, como a gente costuma dizer, “sobre o resultado”. A vitória era, apenas, uma “questão de tempo” – bastava só apertar algumas mãos, sorrir em alguns momentos, viajar para alguns municípios e correr para o abraço. A conquista, conseqüentemente, estaria garantida.
Enquanto o candidato comemorava o seu retorno ao governo, o ensaio sobre a cegueira estava sendo escrito. Vilma de Faria, com a sua astúcia característica, tinha lançado as suas bases sociais silenciosas. E, na medida em que conseguiu adiar a derrota da cor vermelha no primeiro turno, possibilitou, naquele momento, impor o primeiro desastre eleitoral para um candidato que se orgulhava por nunca ter perdido um pleito.
Acho pouco provável que a candidata do partido dos democratas caia em tal armadilha. E se a perspectiva delineada para a eleição governamental traçada momentaneamente não se alterar, Rosalba Ciarlini, ao sentar na cadeira de governadora do RN, deverá também agradecer a estratégia estapafúrdia capitaneada pela deputada Fátima Bezerra, que, em 2008, conseguiu enfraquecer, enormemente, o grupo político do qual faz parte, ao impor, autoritariamente, sua candidatura à prefeita do município de Natal.
No entanto, como as pesquisas, se não forem bem analisadas, costumam muito mais cegar do que ensinar o verdadeiro caminho, faz-se necessário bastante cuidado para não trocar uma vitória, que se apresenta como uma questão tempo, por mais um desastre estratégico anunciado.

sábado, 7 de novembro de 2009

Os formadores de uma opinião pública

O ex-prefeito do RJ, Cesar Maia (DEM), independente de suas posições ideológicas, costuma elaborar reflexões bastante interessantes sobre a política e o comportamento eleitoral. Logo abaixo, reproduzo o seu último artigo sobre o tema "opinião pública", publicado no caderno de "Opinião" da edição desse sábado (07/11/09) do jornal Folha de São Paulo:





CESAR MAIA

Formadores de opinião

LUKACS, EM "Cinco Dias em Londres" (Zahar), analisando a designação de Churchill para primeiro-ministro, em maio de 1940, e a queda de Chamberlain (e sua política de apaziguamento com a Alemanha), avalia a dinâmica da percepção dos ingleses.
A impopularidade de Churchill vai até a ocupação de Praga, em março de 1939. Os fatos legitimaram sua radicalidade. Lukacs fala de um binômio -opinião pública/ sentimento popular-, válido até os dias de hoje. "Opinião pública" seria um processo de convergência entre as pessoas a partir da informação sistematizada, difundida pela imprensa e por líderes de opinião.
"Sentimento popular" seria a reação das pessoas aos fatos, produzindo uma sensação mais ou menos difusa. Essa reação pode ser uma onda que vai chegando à emoção das pessoas.
Como tomar decisões que requerem apoio de massa num quadro de transição desses? A decisão, em si, poderá ser mobilizadora? Churchill vai ao Parlamento e às rádios e propõe um jogo da verdade: "Sangue, suor e lágrimas". Mas como acompanhar o processo e saber com que velocidade vai cristalizando consciência na população?
As pesquisas de opinião, da forma como as conhecemos, eram um instrumento embrionário (EUA, Universidade Colúmbia, início dos anos 30). Mas não eram suficientes, porque captariam, no início, uma reação ainda superficial.
Lukacs usa os arquivos da Universidade de Sussex (GB) sobre "mass observation" (MO). Em 1937, dois ingleses (Madge e Harrison) criam um sistema de observações diretas nas ruas. "Em 1938, estenderam suas atividades aos campos da política e da guerra", diz Lukacs. Não são pesquisas de opinião, mas "relatos de primeira mão por observadores de senso comum".
"Não há um ponto de vista que se possa rotular como opinião pública, ela varia muito e não está ainda formada; a única coisa que resta é a crença de que a Inglaterra no fim acabará triunfando", anota um observador.
Não é simples separar, numa pesquisa de opinião, "opinião pública" de "sentimento popular". A TV estimula o "sentimento popular", que, depois, aparece em pesquisas como "opinião pública". O que muitas vezes não é ainda -ou nunca. A TV, na lógica da audiência, é muito mais indutora de sentimentos ou sua aceleradora do que formadora de opinião. Os líderes de opinião, intelectuais e políticos, ainda são formadores de opinião, mas não como antes.
O processo, hoje, se dá horizontalmente, por fluxos de "opinamento", onde os líderes de opinião estão no meio da massa, e não "por cima" dela. Mas não são menos importantes. Os fluxos em que intervêm podem ser filtros formadores de opinião, o que exige suor. Não falam mais desde um "altar".

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Ouvindo a música da morte...

Muitas pessoas se perguntam pelo que escutarão quando a vida encontrar sua finitude... Só saberemos uma vez e jamais teremos a oportunidade de discutir isto com outras pessoas, já que as nossas vidas, infelizmente, tem prazo de validade. Porém, vocês podem imaginar a idéia da morte, ouvindo os "requiens" de mozart e de verdi. Não há nada de macabro nisto. Ao contrário, é uma experiência interessante. Um whysky legal ajuda bastante neste momento. Pode ser o inigualável Logan. Tem melhor. Porém, não conheço whysks com mais de 12 anos de idade. Faz bastante tempo que não tomo os "mais experientes". Garanto a vocês... É uma das mais reais expressões de tal momento... Vale a pena ouvir...

Basta ir no youtube.com e procurar por "mozart requiem" ou Verdi requiem.... e apreciar...

Prestando serviço para a política

Quem tenta trabalhar e viver da "política" não tem vida fácil. Só consegue viver neste meio quem tem estômago de cachorro! Comecei a prestar serviço para este campo. Estou apanhando bastante! Muita ingenuidade e pouca malícia. Combinação perfeita para a utilização de ansiolíticos.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Política na província

Edmilson Lopes Jr chama a "classe política e jornalística" para a realidade. Lembra que a sociedade, de um modo geral, ainda não entrou no clima eleitoral e que isto motiva apenas os políticos, que já se preparam para 2010. Portanto, o quadro delineado hoje ainda é muito fragil para prever qualquer tipo de situação futura. Ele aproveita, além disso, para criticar o modo como os jornalistas vem cobrindo estas questões.
Edmilson Lopes Jr, para quem não o conhece, é uma das maiores cabeças pensantes de nossa cidade. Ele é sociólogo e professor da UFRN. Alimenta o blog: http://www.blogdoedmilsonlopes.blogspot.com/. Foi de lá que retirei o texto abaixo.

As nuvens passageiras da política na província

Arranjos e desenhos mil são construídos. Comentaristas em seus postos tentam vender a imagem de um jogo que seria tocado por "profissionais". E pesquisas e mais pesquisas tentar sondar as percepções, avaliações e tendências do eleitorado. Se você acompanha tudo pela imprensa local, é dessa forma, assemelhada ao desenlance de uma partida de futebol na narrativa de um daqueles bons locutores esportivos de outrora (cada vez mais raros, infelizmente, nos dias de hoje...), que vai lhe aparecer a disputa eleitoral para governador em 2010 no Rio Grande do Norte. Esse cenário, entretanto, só existe na cabeça de políticos, assessores e marqueteiros. Os eleitores potiguares, até o momento, estão a ignorar solenemente os salamaleques do campo político. Por isso mesmo, todo cuidado é pouco. Os cenários que agora são pintados, creio eu, não passam de nuvens passageiras...