A pesquisa de opinião, parafraseando o raciocínio lógico do general prussiano Carl von Clausewitz, é a continuação da política por outros meios. De fato, quando as eleições se aproximam, a guerra das pesquisas toma conta dos jornais, domina as conversas nos cafezinhos e ajuda a condicionar o rumo da disputa entre os candidatos. No entanto, é importante ficar atento nas condições de processamento da pesquisa, meios de veiculação da mesma e, principalmente, se perguntar sobre os interesses de quem a encomendou e porque tornou a pesquisa pública. Serão apresentados alguns exemplos de como as pesquisas podem mais obscurecer do que ajudar a explicar a opinião pública.
Os resultados trazidos pelas sondagens podem ser fantásticos – entrevistando poucas pessoas retiradas de uma grande população, a pesquisa consegue apresentar um resultado bastante satisfatório. Com isso, pode-se investigar os anseios da sociedade no que diz respeito à constituição de políticas públicas, suas intenções eleitorais, mercadológicas, etc. Há, entretanto, muitas formas de enviesar – expressar de maneira tendenciosa e não imparcial – o resultado de uma pesquisa de opinião. Apresentaremos as duas principais – alterando o perfil amostral e construindo de modo parcial as questões contidas no questionário.
Primeiro, uma pesquisa de avaliação pode ser alterada em seus resultados, através do viés atribuído na construção do perfil amostral para investigar uma determinada comunidade. Por exemplo, vamos imaginar que um instituto é contratado para averiguar o índice de aprovação de um gestor municipal. O prefeito, sabendo que tem alta aprovação apenas nas classes A e B, pede para que o instituto dê uma “atenção especial” a estes estratos no momento da pesquisa. O grande problema para o gestor é que, naquela população, as classes A e B só representam 20% dos moradores da cidade. Enquanto isso, 80% dos moradores se enquadram nas classes C, D e E.
Se o perfil amostral for constituído de modo imparcial, então, ele deve respeitar os 20% da representatividade das classes A e B. Portanto, 20% dos entrevistados deverão ser oriundos destas classes. No entanto, o pesquisador, preocupado em agir politicamente e desrespeitando a sua função social, constrói sua amostra de maneira a interrogar 40% dos membros das camadas mais elevadas economicamente da sociedade. Desta forma, o gestor terá uma avaliação municipal mais elevada do que, de fato, ele goza em seu município.
Segundo, outro meio bastante comum de ir de encontro aos preceitos éticos das pesquisas de opinião é retirar o quantum de imparcialidade que uma pergunta estabelecida por um questionário deve ter. Vamos, mais uma vez, utilizar o exemplo de uma pesquisa de opinião, que diga respeito à avaliação de governo.
O gestor, enquanto figura individual, desfruta de grande prestígio junto à sociedade. No entanto, sua administração não é bem vista pelos cidadãos. Pensando nisso, o governador, ao encomendar uma pesquisa de opinião, solicita que a pergunta seja feita da seguinte maneira: “como o (a) Sr (a) avalia a gestão de Fulano de Tal”. Com isso, ao atribuir maior ênfase à figura do administrador enquanto pessoa, a sua atuação enquanto líder do seu governo fica relegada a um segundo plano.
No caso de acontecer o contrário – uma má avaliação do gestor enquanto pessoa, por problemas de relacionamento com o cônjuge e/ou qualquer outro motivo –, mas uma boa imagem de sua prefeitura, o instituto pode ser “orientado” a fazer a pergunta da seguinte maneira: “Como o (a) Sr (a) avalia a gestão da prefeitura do seu município?”.
Pode-se constatar que, em um exemplo, a ênfase da pergunta é direcionada para a imagem do político, escondendo a sua administração como tal; e, no segundo momento, a questão se centraliza na gestão, deixando a imagem individual do líder intocada.
Assim, tanto na elaboração desequilibrada da pergunta, como também na composição da amostra de modo enviesado, o instituto, fechando os olhos para a sua função social de geração imparcial de informação, pode lançar uma nuvem de poeira diante dos cidadãos. É importante, portanto, que os cidadãos fiquem atentos a estes procedimentos e saibam constatar a seriedade ou não das pesquisas, exercitando sua reflexividade de escolha de modo mais significativo.
Os resultados trazidos pelas sondagens podem ser fantásticos – entrevistando poucas pessoas retiradas de uma grande população, a pesquisa consegue apresentar um resultado bastante satisfatório. Com isso, pode-se investigar os anseios da sociedade no que diz respeito à constituição de políticas públicas, suas intenções eleitorais, mercadológicas, etc. Há, entretanto, muitas formas de enviesar – expressar de maneira tendenciosa e não imparcial – o resultado de uma pesquisa de opinião. Apresentaremos as duas principais – alterando o perfil amostral e construindo de modo parcial as questões contidas no questionário.
Primeiro, uma pesquisa de avaliação pode ser alterada em seus resultados, através do viés atribuído na construção do perfil amostral para investigar uma determinada comunidade. Por exemplo, vamos imaginar que um instituto é contratado para averiguar o índice de aprovação de um gestor municipal. O prefeito, sabendo que tem alta aprovação apenas nas classes A e B, pede para que o instituto dê uma “atenção especial” a estes estratos no momento da pesquisa. O grande problema para o gestor é que, naquela população, as classes A e B só representam 20% dos moradores da cidade. Enquanto isso, 80% dos moradores se enquadram nas classes C, D e E.
Se o perfil amostral for constituído de modo imparcial, então, ele deve respeitar os 20% da representatividade das classes A e B. Portanto, 20% dos entrevistados deverão ser oriundos destas classes. No entanto, o pesquisador, preocupado em agir politicamente e desrespeitando a sua função social, constrói sua amostra de maneira a interrogar 40% dos membros das camadas mais elevadas economicamente da sociedade. Desta forma, o gestor terá uma avaliação municipal mais elevada do que, de fato, ele goza em seu município.
Segundo, outro meio bastante comum de ir de encontro aos preceitos éticos das pesquisas de opinião é retirar o quantum de imparcialidade que uma pergunta estabelecida por um questionário deve ter. Vamos, mais uma vez, utilizar o exemplo de uma pesquisa de opinião, que diga respeito à avaliação de governo.
O gestor, enquanto figura individual, desfruta de grande prestígio junto à sociedade. No entanto, sua administração não é bem vista pelos cidadãos. Pensando nisso, o governador, ao encomendar uma pesquisa de opinião, solicita que a pergunta seja feita da seguinte maneira: “como o (a) Sr (a) avalia a gestão de Fulano de Tal”. Com isso, ao atribuir maior ênfase à figura do administrador enquanto pessoa, a sua atuação enquanto líder do seu governo fica relegada a um segundo plano.
No caso de acontecer o contrário – uma má avaliação do gestor enquanto pessoa, por problemas de relacionamento com o cônjuge e/ou qualquer outro motivo –, mas uma boa imagem de sua prefeitura, o instituto pode ser “orientado” a fazer a pergunta da seguinte maneira: “Como o (a) Sr (a) avalia a gestão da prefeitura do seu município?”.
Pode-se constatar que, em um exemplo, a ênfase da pergunta é direcionada para a imagem do político, escondendo a sua administração como tal; e, no segundo momento, a questão se centraliza na gestão, deixando a imagem individual do líder intocada.
Assim, tanto na elaboração desequilibrada da pergunta, como também na composição da amostra de modo enviesado, o instituto, fechando os olhos para a sua função social de geração imparcial de informação, pode lançar uma nuvem de poeira diante dos cidadãos. É importante, portanto, que os cidadãos fiquem atentos a estes procedimentos e saibam constatar a seriedade ou não das pesquisas, exercitando sua reflexividade de escolha de modo mais significativo.
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