quarta-feira, 2 de setembro de 2009

A razão econômica imperialista

Parece que o mercado financeiro no Brasil reagiu mal à proposta de mudanças no marco regulatório e ao viés de disputa político-partidária que se apresenta a seguir. É que essa espécie de “deus ex machina” costuma enxergar estabilidade institucional como sinônimo de consenso em torno dos imperativos da economia de mercado auto-regulável. Compreensível sua postura se levarmos em consideração a lógica objetiva do sistema de preferências dos seus agentes econômicos. Pois trata-se de tentar impor a outras esferas do social, a exemplo da política, sua doxa particular como lógica de ação universalmente válida.

O que não me parece razoável é ver parte de nossos jornalistas e políticos aceitarem gratuitamente essa visão de mundo como se fosse a “verdade pragmática e incontestável da realidade”, esvaziando, dessa forma, a natureza de dissenso que caracteriza a luta política, assim como a pluralidade de formas particulares diversas de lógicas de ação prática. Parafraseando nomes consagrados do pensamento político clássico e contemporâneo – Maquiavel, Weber e Focault, “política é guerra”, “combate belicoso”, “luta”. O que significa que, no campo político (e não só apenas nesse campo social particular), o aparente consenso intersubjetivo de idéias nada mais é do que a denegação ou recalque do caráter arbitrário e de luta objetiva pelo monopólio da visão de mundo dominante.

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