terça-feira, 8 de setembro de 2009

A maioria não se importa para o caso Lina/Dilma

Não é preciso ser nenhum gênio em pesquisa para perceber as "artimanhas metodólogicas" da última sondagem de opinião feita pelo Insituto Sensus. O instituto fez uma pesquisa nacional, perguntando a população em quem os cidadãos acreditavam: na versão de Lina ou na versão de Dilma acerca da existência de um suposto encontro entre as duas para tratar da "aceleração" do processo da família Sarney.
Ora, esta opinião pública, forjada por uma pergunta, no mínimo, duvidosa, diria o Sociólogo francês Pierre Bourdieu, não existe. É importante expor dois aspectos críticos quanto a isto:
1) Há uma clara "imposição de problemática" perpetrada pela pesquisa. Ao invés de perguntar - questionamento, alias, bem próprio ao pensamento de senso comum - "quem está falando a verdade: Fulana ou cicrana?" A pergunta poderia ter sido formulada de qualquer outra maneira. Poderíamos até mesmo perguntar sobre as condições sócio-políticas que permitiram o próprio aparecimento desta indagação. A questão é, portanto, imposta e os entrevistados tem, no máximo, a possibilidade de escolher entre as opções também pré-estabelecidas. A construção não é relacional. É autoritária. O entrevistado não pode, por exemplo, apresentar as questões e as perspectivas de respostas tal como ele pensa o tema.
2) A pesquisa suprime um elevado número de pessoas que não tinham "opinião". Neste sentido, a maioria dos entrevistados não acreditam na versão de Lina, conforme o noticiário local e nacional mencionaram, a maioria sequer tem um posicionamento sobre o assunto. Basta ler os dados. De acordo com a pesquisa, 50,2% dos entrevistados pelo Sensus sequer ouviram falar ou acompanharam o caso. Apenas 41,5% dos entrevistados ouviram ou acompanharam o ocorrido. Desta parcela, que já significa menos da metade da população, apenas 35,9% acreditam em Lina, 23,6% defenderam a versão de Dilma e os que não tem opinião chegam a 40,4%. Neste caso, a opinião pública é forjada, na medida em que se suprime o número de pessoas que não quiseram responder, não conheciam o caso ou efetivamente não tinham opinião, se restringindo a relatar a opção enquadrada daqueles que, efetivamente, escolheram por uma das alternativas apresentadas.
Em suma, mesmo com uma problemática imposta e com uma pergunta, assim como opções, enviesadas, a maioria não acredita em Lina. A maioria dos entrevistados não se importam com o assunto e/ou não tem opinião constituída.

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